Big Data e Internet das coisas: Como mudarão o Marketing que conhecemos?

Eu não tenho dúvidas de que você já ouviu falar destes conceitos. Não há como negar que os dados são “o novo petróleo”. Nós estamos vivendo uma revolução no modo como fazemos e sentimos quase tudo, e isso se deve muito ao boom tecnológico e à quantidade de dados que geramos atualmente.

É como se só tivéssemos domínio da ponta da ponta de um imenso de iceberg de informações. A IoT (Internet of things), o Big Data e a Inteligência Artificial chegam para mudar isso e tornar a vida das pessoas/empresas muito mais facilitada utilizando uma única “matéria-prima”: interações.

Neste artigo, vamos nos aprofundar nas mudanças que as tecnologias já estão fazendo no Marketing Digital. Afinal, nós, assim como a grande maioria dos outros segmentos que serão impactados pela tecnologia, temos domínio de uma parcela insignificante do poder do Big Data, quando “desfrutado” pela IoT.

Falaremos sobre:

  • O que o Marketing tem a ganhar com a união do Big Data e da IoT?
  • O que mudará para o Marketing de hoje?
  • Teremos o nascimento de muitos outros conceitos?
  • Qual é mesmo a diferença entre os dois conceitos? Como coexistem?
  • O Marketing 3.0 fica onde?

Essas são algumas das perguntas que responderemos ao longo do texto. Embarca nessa viagem conosco?

Então, vamos….

O que é Big Data e IoT?

Big Data

Embora não seja recente, o conceito de Big Data ainda causa muita confusão. Podemos chamar de Big Data a prática de coletar, depositar e analisar uma quantidade imensa de dados, que não pode ser analisada e interpretada pelo cérebro humano.

A prática pode ajudar desde a prevenção de um erro, até a projeção assertiva de uma ação. O conceito de Big Data pode ser “simplificado” – não definido! – nos chamados três Vs:

  • Volume de dados gerados em tempo real (em formato estruturado ou não);
  • Velocidade de coleta, estruturação e estímulo à tomada decisão quase que instantânea;
  • Variedade de formatos, como documentos txt*, números, csv, arquivos de áudio, vídeo, xml, xps, eps, entre outros infinitos formatos;

O fato é que já geramos dados em quase tudo que fazemos: dirigindo um carro, operando um pc, sacando dinheiro no banco, abrindo o microondas e, no caso do Marketing Digital, cada vez que uma única pessoa acessa uma rede social, por exemplo, suas múltiplas interações já geram uma toneladas de dados.

A questão é: as tecnologias que podem fazer o tratamento destes dados estão apenas engatinhando e levará um tempo até usarmos todo o potencial do Big Data.

IoT (Internet of things)

“Conectar uma grande parte dos dispositivos digitais à internet”. Esta é uma projeção de um futuro distante para você? A questão é que já estamos muito próximos de viver isso. Segundo “O Gartner”, uma das maiores empresas de pesquisa do segmento de TI, até 2020 teremos cerca de 26 bilhões de dispositivos conectados. Hoje temos cerca de 10 bilhões.

Eu ouvi um ‘uau’?

A Internet das Coisas funciona “M2M”, isto é, de máquina para máquina (pode ser desde um ferro de passar com sensores, até uma geladeira com recomendação inteligente, todos conectados à internet). Assim, “IoT” pode ser resumido como o conceito que retrata a conexão entre mundo físico e ambiente digital.

A análise preditiva de equipamentos industriais é um exemplo disso, utilizando a tecnologia de tags RFID para prever grandes estragos e paradas na linha de produção.

O que podem fazer juntos?

Simplesmente gerar uma inteligência de mercado monstruosa. Por exemplo, se eu sou CEO de uma fabricante de celulares e resolvo aplicar IoT, posso usar uma infinidade de interações do cliente versus meu produto para aprimorar o sistema operacional, resolver problemas estruturais e até mesmo criar novas features.

Não parece incrível, realmente é. Quando temos conhecimento sobre o que desagrada nosso cliente ou o que ele precisa, podemos sanar rapidamente suas necessidades. Podemos até mesmo oferecer um produto quase que perfeito, para um determinado grupo de pessoas. No nosso caso, profissionais digitais, pode nos ajudar a criar a comunicação, a estratégia e até a campanha (quase) perfeita.

É como se a IoT tivesse a tarefa de conectar o mundo físico e o real, o Big Data tivesse a função de tratar e organizar as informações e as IAs dessem cabo de fazer a mágica acontecer. Ou seja, dar um sentido e gerar uma ação com os dados em “mãos” robóticas.

A ascensão do Marketing 4.0

A palavra-chave do Marketing 4.0 é “relações de consumo”. Estamos falando do Marketing na era da revolução das máquinas, que eclode nossa 4ª revolução industrial. Ufa, faltou o fôlego aqui!

O termo “Marketing 4.0” foi dito pela primeira vez por Philip Kotler, em seu livro “Marketing 4.0: do Tradicional ao Digital”. Nele, Philip ressalta que a internet chega a um patamar em que rege quase tudo na vida das pessoas. Inclusive suas compras, suas interações pessoais e profissionais, seus problemas, suas necessidades, enfim, quase todo o universo humano.

Hoje é ele, o consumidor, que dita o que quer ver, o que não quer e quando. E, claro, o consumidor do EUA pode contar com o feedback sobre o consumidor do Nepal sobre qualquer produto e serviço. É só de benefícios que falamos? Não. Pela diversidade e pela infinidade de “terrenos” digitais e explorar, vence o melhor. Logo, a competitividade salta na mesma proporção.

Versão 3.0 x Versão 4.0

Vamos começar do começo.

Vamos voltar lá para trás, quanto Marketing surgiu, em meados do anos 50. Os meios de comunicação eram escassos e uma única marca era líder absoluta de mercado. Nessa época o Marketing era puramente centrado no produto e na marca: é o que chamamos de Marketing 1.0. Aqui a hierarquia era muito clara e a curva de compra era vertical.

Já no Marketing 2.0, o foco passa a ser o consumidor. Aqui, os Marketeiros tratam o comprador como se tivesse poucas necessidades: aquelas que seu produto pode sanar. Ainda assim, temos uma evolução quando o aspecto em jogo é “sanar necessidades”

No Marketing 3.0 o Marketing é focado no ser humano, e não apenas no consumidor. Aqui a hierarquia de compra se torna quase que totalmente horizontal, já que estamos falando de grande volume de concorrentes e as empresas precisam ser eticamente responsáveis e bem mais atentas às necessidades específicas do comprador. É aqui que a responsabilidade com o meio ambiente, meio social e com as pessoas passa a ser um fator determinante para comprar.

O Marketing 4.0 é marcado pelo reconhecimento social. É como se fosse uma evolução do Marketing 3.0, que se preocupa com os valores do consumidor e com sua vida, mas muito mais apoiado pelo meio digital. Isto é: é o momento de prestar atenção nas mais minuciosas interações e no comportamento no âmbito digital. Não queremos apenas saber se o nosso cliente em potencial é budista, mas sim, qual seu tipo de budismo, quais templos já frequentou pelo mundo e quantas vezes por dia lê sobre o assunto. E com a chegada da IoT utilizaremos a internet massivamente para que o tiro seja extremamente certo.

Aplicação e vantagens da IoT no Marketing

Melhorias na experiência do usuário

Com a chegada da IoT nos próximos anos a tendência é de que a experiência dos consumidores seja cada vez melhor e poderosa. Quem não gosta de ser agradado, ter sua mente lida e ter seu tempo economizado sem ter que dizer uma palavra?

Exato, é disso que estamos falando. Vamos supor que eu goste de perfume cítricos. É o aroma que mais combina com a minha pele e eu já sei disso. No ano passado, eu comprei 2 perfumes cítricos pelo meu smartphone e 4 pela loja física. Eu realmente gosto da loja física e gosto do ambiente, de estar lá. Compartilhei publicações no facebook sobre minha ida às lojas de perfume e andei com o sensor da caixa de perfumes de um lado para outro, de uma prateleira até outra. Essa é uma coleta poderosa para uso omnichannel.

O que os donos das lojas de perfume poderiam fazer com essas informações?

  • Me enviar um e-mail com as ofertas do mês (incluindo as variações cítricas em promoção). No mesmo e-mail, dizer que se eu instalar o app da loja, onde as transações e visualização de ofertas é mais facilitada, ganho totalmente grátis um perfume de minha escolha;
  • Da próxima vez que eu visitar a loja física, sem que eu peça, o app pode me enviar uma notificação dizendo qual o caminho mais fácil até as prateleiras de perfumes cítricos.

Além de aumentar MUITO o faturamento, essa prática promete criar um vínculo com o consumidor, que passará a ver a marca como uma espécie de “criatura extremamente atenciosa”, usando de dados que até então, me eram desconhecidos.

Pareamento inteligente

Quando vários dispositivos que têm o mesmo público estão conectados, um pode fazer parceria com o outro. Exemplo: E se, por meio do meu smartphone, o Uber tivesse uma integração com Spotify?

Toda vez que eu entrasse no Uber, o motorista poderia ter acesso às minhas preferências e me perguntar como eu me sentia hoje e o que eu gostaria de escutar. Algumas pessoas não gostariam de compartilhar suas preferências, mas outras milhares se sentiriam lisonjeadas e agraciadas.

E se o Spotify me apontasse, na própria plataforma, quem são os motoristas que ouvem as mesmas coisas do que eu e me permitisse escolher qual carona pegar? As opções são múltiplas.

Bruscas alterações no modelo de negócio/produto

Esse ganho é especificamente importante para startups que estão em fase de validação de seus produtos e serviços. Além das métricas de vendas e churn, como vai medir de onde vem o descontentamento? Ou de onde vem as features/serviços que mais agradam os usuários?

Pela pura integração entre mundo físico e digital. Podemos usar essa lógica para produtos como geladeiras, fornos, carros, microondas, máquinas de lavar, fogões, aplicativos, bicicletas, camas e até sons automotivos ligados à internet. E assim, as fabricantes ou desenvolvedoras já sabem onde podem apostar e onde devem dar um passo atrás.

Quais são os desafios do Big Data e da IoT?

Privacidade dos usuários

Particularmente, acredito que a questão de integridade dos dados seja a questão mais problemática. Isto é, como os usuários irão lidar ao ter seus dados mais “íntimos” usados para sabe se lá o quê? Esse é um desafio muito mais ideológico do que tecnológico e deve gerar muito debate nos próximos anos.

Mudança grande no oferecimento de serviços

Agora que a automação de recomendação, atendimento e UX serão – entre outras várias coisas – serão feitas por cérebros artificiais, muitos empregos deixaram de existir e… muitos outros nascerão! Por isso, esse é ponto a ser visto por várias perspectivas. Até que ponto a mudança é positiva e até que ponto é negativa?

Apenas uma coisa é fato: jamais poderemos parar o avanço da tecnologia.


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